quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tratado das Fadas (Ismaël Mérindol)

“Nada existe que já não tenha sido previamente sonhado”, escreve o filho das fadas Ismaël Mérindol, apresentando-nos o seu Tratado das Fadas.
Esta narrativa faz parte da série de livros surpreendentes de Édouard Brasey, um fenómeno recente que parece ter cativado plenamente um público mais jovem que os lê e relê avidamente, de nome Enciclopédia do Lendário.
Com um prefácio admirável, Edouard Brasy conta-nos como se tornou um “elficólogo”, recordando que é a ciência dos elfos e do povo pequeno e como Pierre Dubois, entre outros, se deixou enfeitiçar completamente por este mundo. Ele cita amplamente as suas fontes, assinalando que entre outras, duas suas obras da Enciclopédia do Maravilhoso - “O Guia do Caçador de Fadas” e “O Guia do Caçador de Fantasmas” - e vai buscar um número de citações ao mestre Mérindol, autor do Tratado das Fadas, que de seguida reproduz integralmente e o ilustra com imagens vindas um pouco de todo o lado e de todas as épocas, com vista a recriar um mosaico que tem tanto de intemporal como de perene destas criaturas.
A tudo isto ele justapõe textos como “O Conde de Gabalis”, ou edita entrevistas sobre ciências secretas do abade de Montfaucon de Villars, bem como “A República Misteriosa dos Elfos, faunos, fadas e semelhantes de Robert Kirk”, “A Sílfide Amorosa, Anónimo”.
Redigido no modo e na tradição dos autênticos compêndios do século XV. Ismaël Mérindol conta-nos sobre o seu percurso iniciático no maravilhoso universo das fadas. Sob o deslizar da sua pena, as fadas, ninfas, elfos, gnomos e outras criaturas do Povo Pequeno ganham vida e nos convidam a descobri-los.
Segundo o autor, o tratado original foi conservada na biblioteca de Praga e parcialmente destruído, a par de outros arquivos, durante as cheias de Agosto de 2002, aquando da inundação milenar das margens pelo rio Vltava. O tratado está em processo de restauração mas passagens inteiras parecem ter ficado irremediavelmente perdidas. A vida de Ismaël Mérindol é conhecia até nós unicamente graças a este hipotético manuscrito que poucos seres vivos tiveram o privilégio, até ao momento, consultar. O que ajuda a construir e a tornar difusas as fronteiras entre aquilo que é real e ficcionado.
Um livro maravilhoso que nos oferece uma viagem magnífica e a esse mundo, seguindo este personagem que terá tido figuras notáveis como François Rabelais, Paracelso ou Leonardo da Vinci como alunos. Assim, deste modo, o Tratado das Fadas pretende ser uma récita autobiográfica que Ismaël Mérindol terá redigido, na primeira pessoa, em 1466. Nele ficamos a conhecer que terá nascido na aldeia provençal de Mérindol, daí a atribuição do seu nome. Ele terá estudado nas diferentes universidades da Europa, graças às suas viagens, e estudou também com o povo pequeno, que lhe terá ensinado todos os seus conhecimentos de alquimia e outros fenómenos sobrenaturais. De seguida, instala-se em Praga até, segundo ele, se reunir com o mundo das fadas em 1522, com a provecta idade de 120 anos.
Édouard Brasey oferece-nos, aqui, uma parte de seu imenso talento neste livro onde a certa medida se torna difícil desenovelar o verdadeiro do falso neste relato, até mesmo de saber se o autor realmente existiu ou não.
Brasey, o autor (desta versão que nos chega), é considerado como um dos maiores “elficólogos”, é também o autor de diferentes tratados como o Tratado de Vampirologia ou o Tratado dos Anjos. Também escreveu e organizou A Pequena Enciclopédia do Maravilhoso.





Autor: Ismaël Mérindol


Editora: Europa-América


Páginas: 308


Género: Fantasia

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